Porque devemos falar da prevenção do câncer do intestino
O câncer do intestino tem sido motivo de grande interesse em todo o mundo. Segundo as últimas estimativas do Instituto Nacional do Câncer (Inca), este é o segundo tipo de câncer mais frequente no nosso país, perdendo apenas para o da próstata nos homens e o da mama nas mulheres. Para este ano de 2020, as estatísticas no Brasil apontam para cerca de 40.990 novos casos, um aumento de mais de 12% em relação ao índice anterior.
Infelizmente, com a pandemia do Covid-19, muitas pessoas deixaram de buscar auxilio médico e fazer os exames preventivos, gerando um grande impacto na detecção de novos casos. Essa é uma preocupação atual da Sociedade Brasileira de Coloproctologia e assim, neste mês de setembro, estamos realizando a Campanha de Prevenção do Câncer do Intestino. Em todos os estados do nosso país os membros da Sociedade estão engajados em ações de conscientização da população. O câncer do intestino está muito relacionado aos hábitos de vida. A prevenção primária inclui medidas muito simples como: não fumar, evitar as bebidas alcoólicas em excesso, evitar o sedentarismo e a obesidade, dar preferência à alimentação rica em fibras com frutas, verduras, cereais e legumes em abundância.
Felizmente, os estudos mostram que o precursor do câncer do intestino em cerca de 90% dos casos é o chamado pólipo adenomatoso, uma elevação da mucosa intestinal que quando não detectado e retirado, cresce num período médio de 8 a 10 anos e se transforma no câncer. Por isso, a detecção precoce e o rastreamento de indivíduos dos grupos de risco é tão importante. Atualmente, indicamos o rastreamento para todas as pessoas sem sintomas à partir dos 45 anos. Para as pessoas que apresentam uma história familiar,ou algum sintoma de alarme, a avaliação pode começar mais precocemente. Os sintomas de alarme mais importantes são: sangramento retal, alteração do ritmo do intestino, anemia, emagrecimento, dor abdominal e perda do apetite.
A pandemia trouxe um alerta para todos nós, uma vez que muitos indivíduos com sintomas deixaram de ser avaliados. Estudo conduzido na Inglaterra pela University College London analisou dados semanais de oito hospitais, sendo concluído que houve uma redução de 76% nos encaminhamentos urgentes de pacientes com suspeita de câncer, gerando uma diminuição de 60% nos tratamentos de quimioterapia em comparação ao período anterior à pandemia.
Nossa Campanha traz esse alerta para todos: a prevenção deve ser feita e os tratamentos não devem ser postergados. Se houver um sintoma importante procure auxílio médico. Também é muito importante adotar um estilo de vida mais saudável, evitando a obesidade, o tabagismo, o sedentarismo e adotando uma alimentação saudável. Fique de olho, evite o câncer do intestino.
Sobre Dra. Lucia Camara de Castro Oliveira – Coloproctologista
- Doutora em Cirurgia do Aparelho Digestivo pela Universidade de São Paulo;
- Pós-graduação no Departamento de Cirurgia Colorretal da Clevelanc Clinic Florida;
- Membro Titular e Especialista em Cirurgia Geral pelo Colégio Brasileiro de Cirurgiões;
- Membro Titular e Especialista em Cirurgia Colorretal pela Sociedade Brasileira de Coloproctologia;
- Diretora do Serviço de Fisiologia Anorretal do Rio de Janeiro;
- Diretora da Clinica de Coloproctologia Dra.Lucia de Oliveira e CEPEMED;
- Membro do Conselho Consultivo da Sociedade Brasileira de Motilidade Digestiva e Neurogastroenterologia;
- Membro do Comitê Editorial das Revistas: Journal of Coloproctology , GED e Arquivos de Gastroenterologia;
- Membro da Junta Diretiva e Comitê Cientifico da Asociacion Latino Americana de Piso Pelvico (ALAPP).