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Câncer colorretal só acontece em idosos?

O que é o câncer colorretal?

Índice

O câncer colorretal é um tipo de câncer que se desenvolve no intestino grosso ou no reto. Ele costuma começar como pequenos aglomerados de células chamados pólipos, que com o tempo podem se transformar em tumores malignos. Por isso, é um câncer silencioso, que pode demorar anos para apresentar sintomas. Muitas pessoas só descobrem a doença em estágios avançados, o que dificulta o tratamento e reduz as chances de cura.

Por que o câncer colorretal é um tema de saúde pública?

O câncer colorretal está entre os tipos mais comuns no mundo. No Brasil, é o segundo mais incidente entre os homens e o segundo entre as mulheres, segundo o INCA. Além da alta incidência, os custos do tratamento, a complexidade dos cuidados e o impacto na vida dos pacientes e famílias fazem com que ele seja uma prioridade nas estratégias de saúde pública.

Visão geral do artigo e objetivo da discussão

Muitas pessoas acreditam que o câncer colorretal é uma doença que afeta apenas os idosos. Mas será que isso é verdade? Neste artigo, vamos explorar profundamente todos os aspectos do câncer colorretal – da anatomia até a prevenção – e esclarecer de vez se ele realmente é exclusivo da terceira idade. A resposta pode surpreender você.

Compreendendo o Câncer Colorretal

4. Anatomia do cólon e reto

O sistema digestivo humano é composto por vários órgãos que trabalham em conjunto para transformar os alimentos em energia e nutrientes. O cólon e o reto fazem parte da porção final desse sistema, conhecida como intestino grosso. O cólon é responsável por absorver água e eletrólitos dos resíduos alimentares. Ele é dividido em quatro partes: cólon ascendente, transverso, descendente e sigmoide. Já o reto, que mede aproximadamente 15 cm, conecta o cólon ao ânus e serve como reservatório temporário para as fezes antes da evacuação. Compreender essa anatomia é fundamental, pois o câncer colorretal pode se desenvolver em qualquer uma dessas regiões, apresentando características e tratamentos distintos de acordo com sua localização.  

5. Como o câncer colorretal se desenvolve

O câncer colorretal geralmente começa de forma silenciosa, com o aparecimento de pólipos adenomatosos, que são pequenas elevações na parede interna do intestino. Nem todos os pólipos se tornam câncer, mas a maioria dos cânceres colorretais começa dessa forma. A transformação de um pólipo benigno em um câncer pode levar aproximadamente 10 anos. Durante esse tempo, alterações genéticas e ambientais favorecem o crescimento celular desordenado. Por isso, o rastreamento com exames como a colonoscopia é tão importante: ele permite a detecção e remoção dos pólipos antes que se tornem malignos.  

6. Diferença entre pólipos e câncer

Pólipos são crescimentos anormais na mucosa do intestino grosso. A maioria é inofensiva, mas alguns tipos, como os adenomas, têm potencial de se tornar câncer. Existem dois tipos principais de pólipos:

  • Hiperplásicos: geralmente benignos e com baixo risco de malignidade. 
  • Adenomatosos: esses sim têm potencial de evoluir para câncer, especialmente se forem grandes, numerosos ou apresentarem displasia de alto grau. 

O câncer colorretal, por sua vez, é a proliferação descontrolada de células malignas que podem invadir tecidos adjacentes e se espalhar (metástase) para outros órgãos, como fígado e pulmões.  

7. Estágios do câncer colorretal

A classificação por estágios é essencial para determinar o prognóstico e a melhor estratégia de tratamento. Os estágios vão de 0 a IV:

  • Estágio 0 (in situ): células malignas confinadas na mucosa intestinal. 
  • Estágio I: o tumor atinge a camada muscular, mas não os linfonodos. 
  • Estágio II: tumor invade tecidos adjacentes, mas sem atingir linfonodos. 
  • Estágio III: há comprometimento de linfonodos regionais. 
  • Estágio IV: metástase para outros órgãos. 

Cada estágio tem opções de tratamento específicas e impacto direto na taxa de sobrevivência.  

8. Tipos de câncer colorretal

Embora o termo “câncer colorretal” seja usado de forma geral, existem diferentes tipos histológicos da doença, sendo os principais:

  • Adenocarcinoma: representa mais de 90% dos casos, originado nas células glandulares do cólon e reto. 
  • Carcinoma de células escamosas: raro, com características diferentes e tratamento distinto. 
  • Tumores carcinoides: de crescimento lento, geralmente descobertos acidentalmente. 
  • Sarcomas e linfomas: ainda mais raros, com abordagens terapêuticas específicas. 

 

9. Fatores genéticos e ambientais

O desenvolvimento do câncer colorretal envolve uma combinação de fatores genéticos e ambientais. Alguns exemplos incluem:

  • Genéticos: 
    • Síndrome de Lynch (HNPCC): aumenta o risco de câncer colorretal em idade jovem. 
    • Polipose adenomatosa familiar (PAF): presença de centenas de pólipos, com alto risco de malignidade. 
  • Ambientais e comportamentais: 
    • Dieta rica em gordura e carne vermelha 
    • Consumo de álcool e tabaco 
    • Sedentarismo 
    • Obesidade 

O ambiente intestinal também é influenciado pela microbiota, que pode impactar o risco de câncer. Alterações na flora intestinal, por exemplo, têm sido associadas a inflamações crônicas e predisposição tumoral.

Epidemiologia do Câncer Colorretal

10. Estatísticas globais e brasileiras

O câncer colorretal é o terceiro tipo de câncer mais comum no mundo, tanto em homens quanto em mulheres. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), são diagnosticados mais de 1,9 milhão de casos novos por ano, com cerca de 935 mil mortes anuais. No Brasil, o INCA estima mais de 45 mil novos casos por ano, sendo o segundo mais incidente entre mulheres e o terceiro entre homens. Isso demonstra um crescimento preocupante da doença no país, especialmente em grandes centros urbanos, onde o estilo de vida ocidentalizado é predominante.  

11. Incidência por faixa etária

Tradicionalmente, o câncer colorretal é mais comum em pessoas acima dos 50 anos. No entanto, estudos recentes mostram um aumento significativo de casos em adultos jovens, especialmente na faixa dos 20 aos 39 anos. Entre 1994 e 2020, a incidência entre jovens aumentou cerca de 51% nos EUA. No Brasil, o crescimento também é visível, embora os dados ainda estejam sendo consolidados. Isso acende um alerta para a comunidade médica e para os órgãos de saúde pública.  

12. Diferenças entre homens e mulheres

Embora a incidência seja relativamente semelhante entre os sexos, homens tendem a apresentar mais casos avançados e uma mortalidade ligeiramente superior. Entre os fatores que contribuem para isso estão:

  • A menor procura por exames preventivos entre os homens 
  • Maior consumo de álcool e tabaco 
  • Alimentação menos equilibrada 

Por outro lado, as mulheres demonstram maior adesão ao rastreamento e cuidados com a saúde, o que pode contribuir para diagnósticos mais precoces.  

13. Câncer colorretal em países desenvolvidos vs em desenvolvimento

Nos países desenvolvidos, a taxa de incidência de câncer colorretal vem diminuindo, em grande parte devido à implementação de programas de rastreamento e campanhas de conscientização. Nos países em desenvolvimento, como o Brasil, observa-se o movimento inverso: crescimento da incidência e mortalidade, atribuído a:

  • Urbanização acelerada 
  • Mudanças alimentares (fast food, processados) 
  • Falta de acesso ao diagnóstico precoce 

Essa disparidade mostra a importância das políticas públicas e do investimento em saúde preventiva.  

14. O impacto da dieta e do estilo de vida na epidemiologia

A dieta ocidental, rica em gordura, açúcar, carne vermelha e ultraprocessados, tem forte ligação com o aumento do risco de câncer colorretal. Além disso, fatores como sedentarismo, estresse crônico, obesidade e consumo de álcool agravam ainda mais esse risco. Por outro lado, dietas ricas em fibras, vegetais, frutas, grãos integrais e alimentos fermentados são protetoras, assim como a prática regular de exercícios e a manutenção de um peso saudável.

Mito vs Realidade – O Câncer Colorretal Só Acontece em Idosos?

15. Origem do mito

Durante décadas, o câncer colorretal foi visto como uma doença predominantemente da terceira idade. Isso porque, historicamente, a maioria dos diagnósticos acontecia em pessoas com mais de 60 anos. O próprio sistema de saúde reforçou essa percepção ao recomendar exames de rastreamento apenas a partir dos 50 anos de idade. Essa ideia se consolidou no senso comum, fazendo com que tanto profissionais de saúde quanto pacientes subestimassem o risco em jovens adultos. A ausência de políticas de rastreamento para menores de 50 anos também contribuiu para esse mito persistente.  

16. A idade como fator de risco – explicação científica

De fato, o envelhecimento é um dos principais fatores de risco para o câncer colorretal. Com o passar dos anos, o corpo acumula mutações genéticas naturais, que podem favorecer o surgimento de células malignas. Além disso, o funcionamento do sistema imunológico se torna menos eficiente, dificultando a eliminação de células tumorais. Estudos mostram que cerca de 90% dos casos de câncer colorretal ocorrem em pessoas com mais de 50 anos. Mas isso não significa que os mais jovens estão protegidos – apenas que, até pouco tempo, eram menos estudados ou diagnosticados.  

17. Casos em adultos jovens – está aumentando?

Sim, e esse é um dos dados mais preocupantes dos últimos anos. A incidência de câncer colorretal em adultos jovens está crescendo rapidamente. Entre 1990 e 2020, observou-se um aumento de até 70% nos casos em pessoas com menos de 50 anos em diversos países. No Brasil, o crescimento também é notável. Médicos relatam um número crescente de pacientes jovens com câncer colorretal avançado, muitas vezes sem fatores de risco aparentes. A causa ainda não está totalmente clara, mas acredita-se que o estilo de vida moderno (dieta ruim, sedentarismo, estresse, obesidade e uso de antibióticos) seja um grande vilão.  

18. Jovens também têm câncer: dados alarmantes

Os dados não mentem. Em países como os EUA, o câncer colorretal é a principal causa de morte por câncer em homens com menos de 50 anos, e a segunda entre as mulheres da mesma faixa etária. No Brasil, ainda que os números absolutos sejam menores, a proporção relativa vem aumentando significativamente. Isso indica que os profissionais de saúde precisam estar atentos aos sinais mesmo em pacientes jovens, quebrando a ideia de que “é só uma dor de barriga” ou “deve ser síndrome do intestino irritável”. Jovens têm câncer sim, e precisam ser levados a sério.  

19. Diagnóstico tardio em jovens – por que ocorre?

Um dos maiores problemas é que o diagnóstico em jovens geralmente ocorre em estágios avançados. Existem diversas razões para isso:

  • Negligência dos sintomas por parte do próprio paciente 
  • Desvalorização médica: profissionais não consideram câncer como hipótese em pessoas jovens 
  • Ausência de rastreamento sistemático para menores de 50 anos 
  • Falta de conhecimento sobre a possibilidade da doença em faixas etárias mais baixas 

O resultado? Quando o câncer é finalmente detectado, ele já está em estágio III ou IV, exigindo tratamentos mais agressivos e com menores chances de cura.  

20. Sintomas negligenciados na juventude

Os sintomas iniciais do câncer colorretal podem ser confundidos com problemas comuns, como hemorroidas, gastrite ou estresse. Entre os mais relatados por pacientes jovens estão:

  • Sangramento retal 
  • Alterações no hábito intestinal (diarreia ou constipação prolongadas) 
  • Dores abdominais crônicas 
  • Sensação de evacuação incompleta 
  • Cansaço excessivo e anemia 

Como muitos desses sintomas são vagos e comuns, é fácil ignorá-los. Porém, persistência e agravamento devem sempre levantar um alerta e motivar investigação.  

Fatores de Risco em Todas as Idades

21. Alimentação pobre em fibras

As fibras alimentares ajudam a manter o bom funcionamento do intestino, promovendo o trânsito intestinal e a formação de fezes saudáveis. Dietas com baixa ingestão de fibras estão associadas ao aumento do risco de câncer colorretal, pois favorecem a retenção de resíduos no cólon, o que pode gerar inflamações crônicas e alterações nas células intestinais. Infelizmente, a alimentação moderna, rica em produtos industrializados e pobre em vegetais, frutas e grãos integrais, tem diminuído drasticamente o consumo de fibras, inclusive entre os jovens.  

22. Consumo excessivo de carnes processadas

O consumo frequente de carnes processadas, como linguiça, bacon, presunto e salsicha, é classificado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como carcinogênico para humanos, ou seja, comprovadamente aumenta o risco de câncer, especialmente o colorretal. Esses alimentos contêm nitritos, nitratos e outros conservantes químicos, além de serem preparados com métodos como defumação e fritura, que favorecem a formação de compostos cancerígenos. Evitar ou reduzir drasticamente o consumo desses produtos é uma forma eficaz de prevenção.  

23. Obesidade e sedentarismo

A obesidade abdominal está diretamente associada a maior risco de câncer colorretal, especialmente em homens. O excesso de gordura corporal libera substâncias inflamatórias e hormônios que favorecem o crescimento tumoral. O sedentarismo é outro fator de risco importante. A falta de atividade física regular reduz a motilidade intestinal, prolongando o contato de substâncias tóxicas com a mucosa do intestino. Por isso, exercícios moderados e regulares são recomendados como medida protetora.  

24. Consumo de álcool e tabagismo

O álcool em excesso danifica a mucosa intestinal, altera o metabolismo de estrogênio e promove a formação de radicais livres, que prejudicam o DNA das células. Já o tabaco é responsável por dezenas de tipos de câncer, incluindo o colorretal. Estudos mostram que fumantes têm até 30% mais risco de desenvolver câncer no intestino. A boa notícia é que parar de fumar e reduzir o álcool já proporciona uma queda significativa nesse risco em poucos anos.  

25. Histórico familiar e síndromes hereditárias

Ter um parente de primeiro grau com câncer colorretal duplica o risco de desenvolver a doença. Se o parente foi diagnosticado jovem, o risco é ainda maior. Existem ainda síndromes genéticas, como:

  • Síndrome de Lynch: causa mutações no reparo do DNA, aumentando o risco em até 80%. 
  • Polipose adenomatosa familiar (PAF): provoca o surgimento de centenas de pólipos no intestino. 

Nesses casos, é recomendada vigilância precoce e exames frequentes, mesmo antes dos 40 anos.  

26. Doenças inflamatórias intestinais

Pessoas com doenças como retocolite ulcerativa e doença de Crohn possuem um risco aumentado de câncer colorretal, especialmente se a inflamação for crônica e extensa. A inflamação constante danifica o revestimento do cólon, favorecendo alterações celulares. Por isso, pacientes com essas condições devem realizar colonoscopias regulares e manter o tratamento sempre em dia.  

27. Microbiota intestinal e sua influência

A microbiota intestinal – o conjunto de bactérias que vivem no intestino – tem papel crucial na saúde digestiva. Desequilíbrios na microbiota, chamados de disbiose, podem estar ligados a inflamações, alterações na imunidade local e até à formação de tumores. Fatores como uso indiscriminado de antibióticos, dieta pobre em fibras e estresse alteram essa microbiota, tornando o ambiente intestinal mais propício ao desenvolvimento de doenças, incluindo o câncer.

Sinais e Sintomas do Câncer Colorretal

28. Alterações no hábito intestinal

Um dos sinais mais comuns do câncer colorretal é a mudança persistente nos hábitos intestinais. Isso pode incluir:

  • Diarreia frequente sem causa aparente 
  • Prisão de ventre (constipação) que antes não existia 
  • Sensação de evacuação incompleta, mesmo após ir ao banheiro 

É importante destacar que alterações esporádicas não são motivo de alarme. No entanto, quando essas mudanças persistem por mais de algumas semanas, é essencial buscar avaliação médica. O intestino tem um ritmo próprio, e mudanças prolongadas indicam que algo está interferindo em seu funcionamento normal.  

29. Sangue nas fezes

O sangue nas fezes é um dos sintomas mais alarmantes e visíveis, embora nem sempre seja levado a sério. Ele pode se apresentar de diversas formas:

  • Vermelho vivo, visível no papel higiênico ou nas fezes, indicando sangramento mais próximo do ânus ou do reto 
  • Fezes escurecidas (melena), indicando sangramento mais alto no trato gastrointestinal 

Muitos confundem o sangue com hemorroidas, mas a regra é clara: todo sangramento retal deve ser investigado, especialmente se for recorrente ou acompanhado de outros sintomas.  

30. Dor abdominal persistente

A dor abdominal no câncer colorretal pode variar bastante. Algumas pessoas sentem um desconforto vago e constante, outras relatam cólicas intensas ou sensação de “inchaço”. Essa dor pode estar relacionada ao crescimento do tumor, que começa a obstruir a passagem das fezes ou pressionar outras estruturas. Em alguns casos, pode até levar à obstrução intestinal completa, um quadro emergencial que exige cirurgia imediata.  

31. Perda de peso inexplicável

A perda de peso involuntária e sem causa aparente é um sinal de alerta clássico para diversos tipos de câncer, incluindo o colorretal. O organismo, ao tentar combater o tumor, entra em um estado inflamatório crônico, que consome muita energia. Além disso, o próprio câncer pode liberar substâncias que alteram o metabolismo e reduzem o apetite. Quando alguém perde mais de 5% do peso corporal em poucos meses, sem estar tentando emagrecer, é hora de procurar um médico.  

32. Fadiga e anemia

Outro sintoma comum é a fadiga intensa e prolongada, mesmo após repouso adequado. Isso pode estar ligado à anemia, causada por perdas sanguíneas crônicas no intestino, que muitas vezes são imperceptíveis a olho nu. A anemia ferropriva (deficiência de ferro) é especialmente comum em mulheres com menstruação irregular ou intensa, o que pode mascarar o quadro. Por isso, exames de sangue são fundamentais para identificar esses sinais precoces e indicar uma investigação mais profunda, como a colonoscopia.  

33. Quando os sintomas aparecem: fase inicial vs avançada

Nos estágios iniciais, o câncer colorretal frequentemente não causa sintomas – é por isso que o rastreamento preventivo é tão essencial. À medida que o tumor cresce, ele começa a interferir no funcionamento do intestino e pode dar sinais. Na fase avançada, os sintomas se tornam mais intensos e variados:

  • Dor abdominal constante 
  • Distensão abdominal 
  • Perda de peso acelerada 
  • Vômitos (em caso de obstrução) 
  • Icterícia (se houver metástase hepática) 

A presença de qualquer sintoma persistente deve motivar uma consulta médica imediata. Quanto antes o diagnóstico for feito, maiores são as chances de cura.  

Diagnóstico e Rastreamento

34. Colonoscopia: o exame padrão-ouro

A colonoscopia é o exame mais eficaz para diagnosticar e prevenir o câncer colorretal. Ele permite ao médico visualizar todo o intestino grosso e retirar pólipos durante o procedimento, evitando que evoluam para câncer. O exame é realizado com sedação leve, utilizando um tubo fino e flexível com uma câmera na ponta. Apesar do desconforto da preparação (limpeza intestinal com laxantes), é um exame seguro e com alto poder de detecção. A recomendação geral é iniciar o rastreamento aos 45 anos, ou antes, se houver histórico familiar ou sintomas suspeitos.  

35. Exames de sangue oculto nas fezes

O teste de sangue oculto nas fezes (SOF) detecta pequenas quantidades de sangue que não são visíveis a olho nu. É uma ferramenta útil de rastreamento, especialmente em locais onde a colonoscopia não está amplamente disponível. Existem dois tipos principais:

  • Guaiaco (gSOF): mais antigo e sensível à dieta. 
  • Imunológico (iSOF): mais moderno e específico, não sendo afetado por alimentos. 

Se o teste der positivo, o próximo passo é realizar uma colonoscopia para investigar a origem do sangramento.  

36. Exames genéticos e biomarcadores

Em casos de câncer colorretal precoce ou com histórico familiar importante, os médicos podem solicitar testes genéticos para identificar mutações hereditárias, como as da síndrome de Lynch. Além disso, biomarcadores tumorais como o CEA (antígeno carcinoembrionário) podem ser úteis para acompanhar a evolução da doença e a resposta ao tratamento, embora não sejam indicados para diagnóstico.

37. Diagnóstico por imagem (tomografia, ressonância)

Para avaliar a extensão do tumor e presença de metástases, exames de imagem são fundamentais:

  • Tomografia computadorizada (TC): útil para ver lesões em pulmões, fígado e linfonodos. 
  • Ressonância magnética: especialmente usada no câncer de reto, para planejar cirurgias e avaliar invasão local. 
  • PET-CT: pode ser indicado em casos complexos para mapear a atividade metabólica do tumor. 

Esses exames complementam o diagnóstico inicial e ajudam a montar um plano terapêutico eficaz.  

38. Importância do rastreamento precoce

O rastreamento precoce salva vidas. Quando o câncer colorretal é diagnosticado nos estágios iniciais, as chances de cura ultrapassam 90%. Nos estágios avançados, essa taxa pode cair para menos de 20%. Campanhas de conscientização, acesso facilitado aos exames e acompanhamento contínuo são estratégias fundamentais para reduzir a mortalidade pela doença.  

39. Quando começar o rastreamento – diferentes recomendações por idade

As diretrizes mais recentes indicam que o rastreamento deve começar aos:

  • 45 anos para pessoas sem fatores de risco 
  • 40 anos ou 10 anos antes da idade do diagnóstico do parente mais jovem, em casos com histórico familiar 

Pessoas com síndromes genéticas, doenças inflamatórias intestinais ou outros fatores de alto risco podem precisar começar ainda mais cedo e realizar exames com maior frequência.  

40. Rastreamento para jovens com histórico familiar

Para indivíduos com histórico familiar de câncer colorretal, o rastreamento precoce é fundamental. Nesses casos, a colonoscopia deve ser realizada regularmente, mesmo que não haja sintomas. Exemplo: se o pai teve câncer aos 45 anos, o filho deve iniciar o rastreamento aos 35 anos ou até antes, caso haja sinais suspeitos. Além disso, o aconselhamento genético pode ser indicado para investigar mutações hereditárias e orientar familiares sobre cuidados específicos.  

7: Tratamento

41. Cirurgia e remoção do tumor

A cirurgia é o principal tratamento para o câncer colorretal, especialmente quando diagnosticado em estágios iniciais. O objetivo é remover completamente o tumor e, se necessário, parte do cólon ou reto afetado, além dos linfonodos próximos. Existem diferentes tipos de cirurgia, dependendo da localização e extensão do tumor:

  • Colectomia parcial: remoção de uma parte do cólon. 
  • Colectomia total: remoção de todo o cólon, indicada em casos mais avançados ou com predisposição genética. 
  • Ressecção anterior do reto: usada para tumores no reto superior. 
  • Ressecção abdominoperineal: em tumores baixos do reto, podendo levar à colostomia permanente. 

Graças à cirurgia minimamente invasiva (laparoscópica ou robótica), o tempo de recuperação é menor e as complicações são reduzidas. Em alguns casos, pode-se optar pela cirurgia preventiva em pessoas com síndromes genéticas de alto risco.  

42. Quimioterapia: quando é indicada?

A quimioterapia utiliza medicamentos para destruir as células cancerígenas ou impedir que se multipliquem. É indicada em diversas situações:

  • Adjuvante: após a cirurgia, para reduzir o risco de recidiva. 
  • Neoadjuvante: antes da cirurgia, para reduzir o tamanho do tumor (especialmente no reto). 
  • Paliativa: em casos avançados ou metastáticos, com objetivo de controle da doença e melhora da qualidade de vida. 

Os esquemas mais comuns incluem medicamentos como 5-FU, oxaliplatina, capecitabina e irinotecano. Os efeitos colaterais variam, mas com o avanço dos tratamentos, é possível controlá-los melhor e manter uma boa qualidade de vida durante o processo.  

43. Radioterapia: uso e limitações

A radioterapia é mais utilizada no câncer de reto do que no de cólon, pois ajuda a diminuir o tumor antes da cirurgia e a preservar o esfíncter anal, reduzindo a necessidade de colostomia. Ela pode ser aplicada:

  • Antes da cirurgia (neoadjuvante): combinada ou não com quimioterapia. 
  • Após a cirurgia (adjuvante): se houver risco de recidiva local. 
  • Como tratamento paliativo: para controlar dor ou sangramento em casos avançados. 

A principal limitação é que o intestino delgado é sensível à radiação, o que pode causar efeitos colaterais gastrointestinais. No entanto, as técnicas modernas tornaram o tratamento mais preciso e seguro.  

44. Terapias-alvo e imunoterapia

As terapias-alvo atuam de forma mais específica nas células tumorais, bloqueando moléculas que estimulam o crescimento do câncer. São indicadas principalmente em casos metastáticos ou resistentes à quimioterapia convencional. Algumas terapias utilizadas:

  • Bevacizumabe (anti-VEGF): inibe a formação de novos vasos sanguíneos que alimentam o tumor. 
  • Cetuximabe e panitumumabe (anti-EGFR): bloqueiam receptores que promovem a proliferação celular (em tumores sem mutação RAS). 

A imunoterapia é uma revolução recente, com resultados promissores em pacientes com instabilidade de microssatélites (MSI-H), comum em síndromes hereditárias. Nesses casos, o uso de pembrolizumabe ou nivolumabe pode gerar respostas duradouras e menos efeitos adversos.  

45. Tratamento multidisciplinar e plano individualizado

O câncer colorretal exige uma abordagem multidisciplinar, envolvendo oncologistas, cirurgiões, radioterapeutas, nutricionistas, psicólogos, fisioterapeutas e enfermeiros especializados. Cada caso é único e deve ser tratado como tal. Por isso, as decisões terapêuticas são feitas em reuniões de equipe (tumor boards), onde todos os profissionais avaliam o quadro e propõem o melhor plano de ação baseado em:

  • Estágio do tumor 
  • Condições clínicas do paciente 
  • Preferências pessoais 
  • Presença de mutações genéticas 

Esse modelo de cuidado centrado no paciente melhora a adesão ao tratamento e os resultados clínicos.  

46. Cuidados paliativos e qualidade de vida

Em situações em que a cura já não é possível, os cuidados paliativos ganham destaque. Eles não têm como objetivo curar a doença, mas sim aliviar o sofrimento, controlar sintomas e proporcionar dignidade e conforto ao paciente e sua família. Os cuidados paliativos podem incluir:

  • Controle de dor e desconforto abdominal 
  • Redução de sangramentos e obstruções intestinais 
  • Apoio psicológico e espiritual 
  • Acompanhamento nutricional e social 

Importante ressaltar que cuidados paliativos não significam desistência. Pelo contrário: é oferecer tudo o que é possível para preservar a qualidade de vida, mesmo em fases difíceis da doença.  

Prevenção e Estilo de Vida

47. Alimentação rica em fibras e antioxidantes

Uma das formas mais eficazes de prevenção do câncer colorretal é manter uma alimentação balanceada, rica em:

  • Fibras (presentes em frutas, vegetais, leguminosas e grãos integrais) 
  • Antioxidantes (como vitamina C, E, selênio, flavonoides) 
  • Ácidos graxos ômega-3 (presentes em peixes como salmão e sardinha) 

Esses nutrientes ajudam a regular o trânsito intestinal, combater inflamações e proteger as células do estresse oxidativo, que pode levar a mutações genéticas. Substituir alimentos ultraprocessados por opções naturais e frescas deve ser um hábito diário, não apenas uma ação pontual.  

48. Exercícios físicos regulares

A prática de atividade física regular reduz o risco de câncer colorretal em até 40%. Exercícios ajudam a:

  • Melhorar o funcionamento intestinal 
  • Reduzir a obesidade 
  • Equilibrar hormônios 
  • Diminuir inflamações 

Recomenda-se pelo menos 150 minutos por semana de atividade aeróbica moderada, como caminhada, natação ou bicicleta. Além disso, incluir exercícios de força e alongamento também trazem benefícios adicionais à saúde.  

49. Evitar álcool e cigarro

Como já vimos, o álcool e o cigarro são fatores de risco diretos para o câncer colorretal. Abandonar esses hábitos reduz drasticamente a chance de desenvolver a doença. O ideal é:

  • Eliminar o tabaco completamente 
  • Limitar o consumo de bebidas alcoólicas a no máximo um drinque por dia para mulheres e dois para homens (ou, de preferência, nenhum) 

Essas mudanças, embora desafiadoras, têm impacto profundo na prevenção não só do câncer, mas também de doenças cardíacas, hepáticas e respiratórias.  

50. Suplementação e probióticos: funcionam?

Embora a base da prevenção seja a alimentação, suplementos podem ter papel auxiliar, especialmente em pessoas com deficiência de certos nutrientes.

  • Vitamina D: baixos níveis têm sido associados a maior risco de câncer. 
  • Cálcio: pode proteger o cólon contra o desenvolvimento de pólipos. 
  • Probióticos: ajudam a equilibrar a microbiota intestinal, fortalecendo a barreira protetora do intestino. 

Antes de iniciar qualquer suplementação, é essencial consultar um profissional de saúde. O excesso de vitaminas também pode ser prejudicial.  

51. Importância da educação em saúde

A educação em saúde é uma das principais ferramentas para combater o câncer colorretal. Informar a população sobre sintomas, fatores de risco, prevenção e rastreamento salva vidas. Escolas, empresas, universidades e unidades de saúde devem promover:

  • Campanhas educativas 
  • Ações de conscientização 
  • Distribuição de materiais informativos 
  • Incentivo à realização de exames preventivos 

O conhecimento gera atitude. E atitude salva vidas.  

52. O câncer colorretal é uma ameaça a todas as idades

Ao longo deste artigo, ficou evidente que o câncer colorretal não é exclusividade dos idosos. Apesar de sua maior incidência ocorrer após os 50 anos, há uma tendência crescente de casos em adultos jovens, muitos deles diagnosticados tardiamente por conta de um mito que já deveria ter sido superado. Essa nova realidade exige uma mudança de postura da sociedade, dos profissionais de saúde e dos próprios pacientes. Precisamos encarar o câncer colorretal como um risco real, independente da idade, e fortalecer os mecanismos de detecção precoce e prevenção. A boa notícia é que o câncer colorretal é um dos tipos mais preveníveis e altamente tratável quando detectado precocemente. Por isso, informação, conscientização e acesso à saúde são nossas maiores armas.  

53. Quebrando mitos para salvar vidas

O mito de que “câncer colorretal só acontece em idosos” é perigoso e desatualizado. Ele contribui para atrasos no diagnóstico, tratamentos mais agressivos e desfechos negativos, principalmente entre os jovens. Precisamos quebrar esse mito com base em evidências, educação e empatia. Isso inclui:

  • Incentivar os médicos a considerarem o diagnóstico de câncer, mesmo em pacientes jovens com sintomas persistentes. 
  • Promover campanhas de informação nas mídias e comunidades. 
  • Incluir os jovens em programas de rastreamento quando há histórico familiar ou fatores de risco. 
  • Ouvir os sinais do corpo e não ignorar sintomas como sangue nas fezes, dores abdominais e alterações intestinais. 

Cada vida salva é resultado de uma atitude consciente. E o primeiro passo é sempre a informação.  

54. A importância da vigilância, prevenção e diagnóstico precoce

O caminho para vencer o câncer colorretal passa pela vigilância constante, prevenção ativa e diagnóstico precoce. Isso não significa viver com medo, mas sim adotar hábitos saudáveis e realizar exames de forma planejada. Resumo das ações práticas: ✅ Manter uma dieta rica em fibras, frutas, vegetais e alimentos naturais ✅ Evitar carnes processadas, tabaco e álcool ✅ Praticar exercícios físicos regularmente ✅ Realizar exames de rastreamento a partir dos 45 anos (ou antes, se indicado) ✅ Buscar atendimento médico diante de qualquer sintoma persistente Com esses cuidados, é possível reduzir drasticamente o risco de desenvolver câncer colorretal e, caso ele ocorra, aumentar exponencialmente as chances de cura. Conscientizar-se sobre esse tema é mais do que um ato de cuidado individual: é um compromisso com a saúde coletiva.

Dra Clarisse Casali – Proctologista Ipanema / Proctologista Barra da Tijuca

A Cidade do Rio de Janeiro possui renomados Proctologistas, a exemplo de Dra. Clarisse Casali, Proctologista do Rio de Janeiro (Sociedade Brasileira de Proctologia), Especialista em Saúde do Intestino. Residência médica em coloproctologia HFCF/Min.Saúde. Especialista em Saúde do Ânus. Pós-graduação pelo Hospital Albert Einstein – SP. Especialista no tratamento de Hemorroidas, Especialista em colposcopia anal – American Society of Cervical Patology⚕️. Para aprofundar-se mais sobre os temas da saúde do intestino, reto e ânus, acompanhe o Blog e o Canal do Youtube da Doutora e fique atualizado com novas informações.

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Redação Rio Notícias

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