Por que cuidadores de idosos devem ter prioridade na vacinação?
Por que cuidadores de idosos devem ser incluídos como prioridade no processo de vacinação?
O cuidador de idosos é o responsável por auxiliar na saúde, na segurança e no bem-estar de pessoas com idades avançadas. De acordo com o IBGE, até o ano de 2050 a população idosa pode vir a triplicar no Brasil, o que torna de suma importância esta profissão no futuro. Pode-se dizer que é uma profissão de alto risco, por lidar com altos níveis de complexidade, dependendo das condições.
Com a chegada do novo coronavírus, estes profissionais tiveram que ter precauções ainda maiores no que se refere ao cuidado para com as pessoas da terceira idade, que formam parte do grupo de risco, já que, em sua grande maioria, são portadores de comorbidade.
Portanto, o profissional cuidador de idoso, deve dar maior atenção não só à sua própria higiene pessoal, mas também para com os pacientes. Levando em consideração toda a situação, em julho de 2020, a Lei nº 14.023 reconheceu os cuidadores de idosos como profissionais essenciais durante a emergência de saúde pública decorrente da Covid-19.
Em virtude disto, o Portal Rio Notícias conversou com Edvânia Tolêdo, presidente da cooperativa Auxilium, especialista em assistência aos idosos. Segundo a profissional, o processo de vacinação às pessoas prioritárias (profissionais de saúde, idosos, pessoas com comorbidades ou deficiências permanentes) segue caminhando de forma lenta.
“A logística de vacinação não está adequada e há poucas informações a respeito de locais de vacinação. Essa inclusão dos cuidadores de idosos dentre os profissionais de saúde com prioridade no processo de vacinação é muito importante, no entanto, esse programa de vacinação deve ser aprimorado e ocorrer de forma mais rápida, conscientizando a todos. Nós, no estado do Rio de Janeiro, ainda estamos engatinhando na logística de vacinação”.
Ainda assim, Edvânia esclarece que, mesmo com a vacinação, os profissionais cuidadores de idosos terão de seguir as recomendações já explicitadas pelos órgãos de saúde anteriormente, mantendo higienização e EPIs obrigatória, e alerta: “há também a questão das novas variantes do vírus, ou seja, não sabemos como se comportam e se as vacinas serão 100% efetivas para com essas novas variantes também”.
Segundo a Pesquisa Nacional de Saúde, cerca de 7% (2.036.653 idosos) precisam de ajuda para a realização de ações cotidianas, tais como alimentação, higiene, administração de medicação de rotina, acompanhamento aos serviços de saúde, bancos ou farmácias, entre outros. Também vale ressaltar que, em 20% dos casos, a função é exercida por cuidadores contratados, mas 80%, são familiares.
Num contexto de pandemia em que o distanciamento entre as pessoas é a premissa, torna-se ainda mais complicado exercer a função de cuidador de idosos, visto que este trabalho lida necessariamente com a proximidade física. Afinal, como manter distância de quem precisa da sua ajuda para se locomover, para não ter o risco de sofrer uma queda? E quem precisa de auxílio para tomar banho ou se vestir? São recomendações que não são possíveis cumprir nestas circunstâncias.
Embora não haja um direcionamento específico no que se refere aos cuidadores e pacientes com Mal de Alzheimer, Mal de Parkinson e outras síndromes demenciais, sabe-se que, haja vista tais condições, isto torna o paciente ainda mais sujeito à infecção devido à dificuldade ou incapacidade em seguir orientações simples, ainda mais que as principais formas de contágio incluem levar as mãos à boca, nariz e olhos. Portanto, requer uma atenção especial nestes casos.
Outro fator relevante nesta situação do mundo, é a queda na procura por novos cuidadores de idosos. Aqueles que já possuem profissionais trabalhando em suas residências, optam por segurá-los, mas muitos contratos foram suspensos devido ao temor de uma possível contaminação, haja vista a circulação do cuidador na rua, uma vez que usam transporte público para locomoção ao local de trabalho, locais de risco de contaminação.
Sendo assim, muitas famílias preferiram trocar o horário do cuidador, para que ele pegasse transportes mais vazios, ou optaram por pagar táxis e motoristas de aplicativos para que houvesse um traslado mais seguro. Mesmo assim, o risco é iminente. Em todo e qualquer ambiente, o cuidador tem de seguir as orientações das autoridades sanitárias, higienização pessoal constante, uso de álcool gel, e manter distância de pelo menos 2 metros das demais pessoas. Ao chegar na casa do paciente, o indicado é que o profissional tome banho e troque de roupa, e mantenha o uso constante de máscaras.
Tendo em vista todo contexto dos cuidadores de idosos na pandemia da Covid-19 e também a chegada de vacinas ao Brasil, é válido colocá-los também dentro das prioridades de vacinação. Além do risco que estes profissionais passam no dia a dia, podem ser um vetor de contaminação.
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