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Coleta Seletiva em Debate no Grajaú: AMAGRAJA Promove Evento com Participação da Comlurb

Realidade da Coleta Seletiva no Rio: Números Divergentes

Enquanto a Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb) afirma coletar mensalmente 5,7 toneladas de materiais recicláveis no Rio de Janeiro — o que representaria 11% dos resíduos com potencial de reciclagem —, uma matéria publicada pelo portal G1 apresenta uma realidade bem diferente: apenas 0,5% do total reciclável é de fato reaproveitado. Apesar da coleta seletiva estar presente há mais de duas décadas na capital fluminense, grande parte da população ainda desconhece ou ignora o serviço, o que escancara um cenário preocupante de desinformação e baixa adesão.

Situação Crítica no Grajaú: Quase Inexistente

No bairro do Grajaú, situado na Zona Norte da cidade, a situação se agrava. A coleta seletiva praticamente não acontece, e os moradores apontam essa deficiência como um dos seis maiores problemas locais, junto à segurança, iluminação, transporte, conservação urbana e questões ambientais. Os dados surgiram a partir de uma pesquisa informal realizada pela AMAGRAJA — Associação de Moradores e Amigos do Grajaú. O retrato é de um serviço ausente, que deixa resíduos recicláveis sem destino correto, impactando tanto o meio ambiente quanto o cotidiano da população.

Mobilização da Comunidade: Debate no Teatro Dercy Gonçalves

Diante desse cenário preocupante, a AMAGRAJA decidiu agir. A associação promoverá um debate público sobre a coleta seletiva no próximo sábado, 19 de julho, às 9h, no Teatro Dercy Gonçalves, localizado no Grajaú Country Club, na Rua Professor Valadares, 262. O evento contará com a presença do coordenador da coleta seletiva da Comlurb, Edison Sanromã, que trará explicações sobre as ações da companhia e ouvirá sugestões da população sobre como otimizar o serviço no bairro. A proposta é fomentar o engajamento e construir soluções de forma colaborativa com os moradores.

Infraestrutura Limitada: Caminhões Circulando Vazios

A reportagem do G1 também aponta que a frota destinada à coleta seletiva da Comlurb é reduzida: apenas 16 caminhões atendem toda a cidade do Rio de Janeiro. E mesmo essa pequena frota circula com cerca de 30% da sua capacidade ociosa. Essa limitação logística compromete diretamente a eficiência do serviço e reforça a desconfiança dos cidadãos. Muitos moradores acreditam que o lixo recolhido, em vez de ser encaminhado para cooperativas, acaba sendo despejado em aterros sanitários.

Cooperativas em Dificuldade: Falta de Material Recolhido

Outro ponto crítico é a situação das cooperativas de catadores, que dependem do volume de materiais recicláveis coletados para garantir renda. Segundo Ana Carla Nistaldo, diretora financeira da Coopideal, a quantidade atual não é suficiente. “A gente precisa de mais rotatividade, mais caminhões para fazer essa coleta seletiva chegar até as cooperativas”, afirma. O fluxo reduzido compromete a sustentabilidade das cooperativas e, por consequência, das famílias que dependem dessa atividade econômica.

Desconfiança Oficial: Prefeito Coloca Dados em Xeque

Nem mesmo o prefeito Eduardo Paes confia plenamente nos números divulgados pela Comlurb. Em entrevista ao RJTV, ele afirmou que “a sensação que a gente tem é de que esse número é muito mais baixo”. Paes reconhece a necessidade de ousar mais nas metas, mesmo que o padrão europeu de coleta seletiva esteja fora da realidade carioca. Ele defende medidas adaptadas ao contexto local, com incentivo à separação doméstica e maior colaboração da população.

Esforços da Comlurb: Cooperativas Beneficiadas

Apesar das críticas, a Comlurb afirma que realiza coleta seletiva em 117 bairros cariocas e entrega os resíduos gratuitamente a 29 cooperativas de catadores. Segundo a companhia, essas cooperativas beneficiam cerca de 450 famílias. Ainda assim, a Comlurb reconhece que o apoio da população é essencial para o sucesso do processo. A coleta seletiva depende não apenas da infraestrutura pública, mas também do comprometimento dos cidadãos em separar corretamente o lixo.

AMAGRAJA em Ação: Diálogo com a População e Autoridades

Diante desse contexto, a iniciativa da AMAGRAJA representa um passo importante rumo à conscientização ambiental e à busca por soluções práticas. Ao promover um debate direto com a Comlurb e abrir espaço para escutar os moradores, a associação cumpre um papel fundamental de articulação social e de pressão por melhorias. A expectativa é de que o evento possa desencadear mudanças significativas no serviço de coleta seletiva do Grajaú e sirva de exemplo para outros bairros da cidade.

Desafios Locais: O Que Impede a Coleta Seletiva no Grajaú?

Apesar da boa vontade de muitos moradores e de organizações como a AMAGRAJA, diversos obstáculos impedem a implementação efetiva da coleta seletiva no Grajaú. Um dos principais entraves é a falta de regularidade no serviço — quando os caminhões passam, o fazem de forma esporádica, sem horários ou dias definidos. Isso gera desmotivação na população, que muitas vezes separa os resíduos, mas acaba misturando tudo novamente por falta de coleta. Além disso, há pouca divulgação sobre como funciona o processo, quais materiais podem ser reciclados e onde exatamente devem ser deixados. A ausência de pontos de entrega voluntária (PEVs) no bairro é outro fator agravante.

Educação Ambiental: A Base para a Transformação

Uma das maiores carências identificadas é a falta de educação ambiental. Muitos moradores não sabem diferenciar o lixo reciclável do orgânico, tampouco entendem os impactos positivos que a separação correta dos resíduos pode gerar para o meio ambiente e a economia local. A coleta seletiva precisa deixar de ser vista como um luxo e passar a ser encarada como uma responsabilidade coletiva. Nesse sentido, palestras em escolas, campanhas nas redes sociais e ações comunitárias podem transformar a cultura de descarte no bairro. O evento promovido pela AMAGRAJA é um excelente primeiro passo nessa direção.

Cooperação Comunitária: O Poder da União

A participação dos moradores é fundamental para qualquer avanço. Mesmo com as falhas no serviço público, a comunidade pode se organizar por meio de mutirões, grupos de WhatsApp para troca de informações sobre os dias de coleta, pontos de entrega compartilhados e apoio às cooperativas. O espírito de coletividade é a chave para tornar a coleta seletiva uma prática efetiva e contínua. Já existem bons exemplos em outros bairros do Rio, onde associações de moradores criaram pontos fixos de separação e conseguiram parcerias com cooperativas para garantir a destinação correta do lixo.

Transparência da Comlurb: Compromissos Necessários

A presença do coordenador da coleta seletiva da Comlurb no evento será uma oportunidade valiosa para exigir mais clareza da companhia. É fundamental que a empresa informe com transparência os dados reais sobre o que é recolhido, para onde vai, e quais bairros estão realmente sendo atendidos. A confiança entre poder público e população só será construída com diálogo, prestação de contas e, principalmente, ação concreta. O evento pode marcar o início de uma nova fase para o bairro, caso as reivindicações dos moradores encontrem eco nas decisões da companhia.

Impacto Econômico e Social: Coleta Seletiva Vai Muito Além do Meio Ambiente

Não se trata apenas de sustentabilidade ambiental. A coleta seletiva tem um papel relevante na economia circular, pois gera renda para catadores e cooperativas, além de reduzir os custos de destinação final dos resíduos. Cada tonelada de lixo reciclado deixa de sobrecarregar os aterros sanitários, cujos espaços estão cada vez mais limitados. Ao estimular essa cadeia produtiva, cria-se um ciclo virtuoso de empregos, renda e preservação ambiental. No Grajaú, onde a desigualdade social também é uma realidade, o fortalecimento das cooperativas pode representar oportunidades reais para dezenas de famílias.

 

Exemplos que Inspiram: O Que Está Funcionando em Outros Bairros

Apesar das dificuldades no Grajaú, há bairros do Rio de Janeiro que conseguiram avançar significativamente na coleta seletiva. Em regiões como Copacabana, Botafogo e Tijuca, iniciativas conjuntas entre moradores, ONGs e cooperativas criaram sistemas mais funcionais. Um exemplo é o uso de pontos de entrega voluntária (PEVs) bem sinalizados, parcerias com supermercados e escolas para instalação de coletores, além de campanhas de conscientização massiva.

Essas ações resultaram em aumento na adesão da população, melhora na qualidade dos resíduos coletados e maior eficiência no encaminhamento para as cooperativas. Esses modelos podem — e devem — servir de inspiração para o Grajaú. A diferença está na mobilização e continuidade das ações: onde a comunidade é ativa e o poder público responde, o sistema evolui. O evento da AMAGRAJA pode ser o ponto de partida para uma estratégia semelhante.

O Papel das Escolas e Instituições Locais

A transformação começa na educação. Escolas do bairro têm um papel essencial em disseminar a cultura da sustentabilidade. A introdução de programas de educação ambiental desde o ensino fundamental cria uma nova geração consciente e participativa. Projetos escolares de coleta seletiva, oficinas de reutilização de materiais e até competições de reciclagem entre turmas já mostraram resultados positivos em outras regiões.

Além disso, igrejas, centros culturais e instituições de saúde também podem se envolver com campanhas, informativos e disponibilização de pontos de coleta. Quanto mais instituições estiverem engajadas, mais forte será o impacto sobre o comportamento coletivo. A mudança de hábitos começa com a informação e ganha força com o exemplo.

Responsabilidade Compartilhada: Governo, Empresas e População

O sucesso da coleta seletiva não pode recair apenas sobre um dos lados. Trata-se de uma responsabilidade compartilhada. O governo precisa garantir estrutura e fiscalização, as empresas devem investir em logística reversa e práticas sustentáveis, e a população deve fazer sua parte, separando corretamente os resíduos.

É preciso cobrar das empresas maior compromisso com embalagens recicláveis, apoio a cooperativas e campanhas de conscientização. A Comlurb, por sua vez, deve investir na ampliação da frota, na capacitação dos profissionais e em tecnologia de triagem. Quando todos os setores se envolvem, o sistema funciona melhor — e os resultados aparecem mais rápido.

Como o Grajaú Pode Virar Referência em Sustentabilidade

Apesar das limitações atuais, o Grajaú tem todos os elementos para se tornar um exemplo de bairro sustentável. A organização da AMAGRAJA mostra que existe liderança comunitária, e a população demonstra preocupação com os problemas ambientais. O que falta é transformar essa energia em ações práticas, contínuas e articuladas.

Criar grupos de trabalho, mapear os pontos críticos, estabelecer rotas alternativas de coleta, e manter o diálogo aberto com a Comlurb são estratégias possíveis. Além disso, criar parcerias com cooperativas próximas pode acelerar a eficiência da coleta seletiva e garantir que o material reciclável não vá parar no lixo comum.

Planejamento de Longo Prazo: Visão Sustentável Para o Futuro

Toda transformação começa com uma decisão. Para que a coleta seletiva deixe de ser um problema e passe a ser uma solução no Grajaú, é necessário estabelecer metas claras, indicadores de progresso e mecanismos de avaliação. Isso inclui a criação de planos de ação para curto, médio e longo prazo.

Entre as metas possíveis estão: aumentar em 50% o volume de resíduos recicláveis coletados, reduzir a quantidade de lixo enviado para aterros, capacitar cooperativas locais e criar campanhas permanentes de educação ambiental. O futuro do bairro depende das decisões tomadas agora. A sustentabilidade é um caminho sem volta — e é melhor percorrê-lo com planejamento.

Coleta Seletiva no Grajaú — Um Caminho de Transformação

O debate promovido pela AMAGRAJA representa um marco na luta por uma coleta seletiva eficiente e inclusiva no Grajaú. Mais do que discutir números e apontar falhas, o evento busca criar soluções reais, a partir do diálogo entre população e poder público. A presença de representantes da Comlurb mostra abertura para mudanças, e cabe à comunidade manter a pressão e a organização para que essas mudanças saiam do papel.

A coleta seletiva é mais do que uma política ambiental — é um pacto coletivo por dignidade, saúde e respeito ao planeta. Se bem aplicada, pode gerar empregos, melhorar a qualidade de vida e transformar o modo como convivemos com o lixo que produzimos todos os dias. O Grajaú tem o poder de ser protagonista nessa mudança. E tudo começa com um passo: separar para transformar.

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Redação Rio Notícias

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