Exposição “Os Chorões no Rio Scenarium” materializa o Choro em imagens
Para homenagear o mês do Choro e o aniversário de Pixinguinha, o Salão Anexo do Rio Scenarium recebe, a partir de 5 de abril, uma exposição fotográfica inédita sobre o tema. As imagens foram registradas pela fotógrafa Marília Figueirêdo e a curadoria é do músico Henrique Cazes, que comandará, na noite de inauguração, uma roda de choro com a participação especial de músicos que já se apresentaram na casa nos últimos anos.
Choro é uma palavra com grande gama de significados musicais. Um improviso, um jeito de tocar e sentir a música, um gênero musical, um encontro para compartilhar a paixão por essa tradição carioca de 150 anos… Tudo isso acontece ao se reunirem para tocar seus aficionados, os chorões, num discreto ritual de sons e olhares, que tanto pode acontecer num ambiente doméstico, num boteco ou num palco. O importante é que se leve para a cena o espírito de tocar ‘compartilhando’ ou, como diria o decano Zé da Velha, “tocar que nem garçom: servindo o outro”.
Traduzir esse ritual em imagens é um desafio e a fotógrafa Marília Figueirêdo usou sua intimidade com a música para registrar momentos especiais. Neta da pianista Aida Naccarati, pioneira em tocar para ginástica rítmica no Rio, Marília mais tarde estudou saxofone e participou na década de 1980 da lendária banda de reggae e ska “Kongo”. No entanto, o fato do tio ser fotógrafo de casamentos e o pai um amador que tinha laboratório em casa, fez com que sua curiosidade pela fotografia se desenvolvesse ainda na infância. Em 2005, Marília reencontrou, de uma só vez, suas duas paixões: música e fotografia. E, desde então, ela vem desenvolvendo ampla cobertura fotográfica do Choro, tanto em ambientes informais quanto nos palcos, acumulando precioso acervo.
Presente no palco do Rio Scenarium desde a abertura da casa, em 1999, o Choro aprofundou sua ligação com o espaço no período entre 2004 e 2007, quando Henrique Cazes, um dos mais ativos chorões contemporâneos, atuou como diretor musical do espaço. “Os Chorões no Rio Scenarium” resume em 30 imagens a passagem dessa música pelo palco da casa na última década, reunindo diferentes gerações irmanadas na paixão pelo Choro.
A roda de choro de abertura contará com a presença de Joel Nascimento, Leo Gandelman, Silvério Pontes, Rogério Caetano, João Camarero, Beto Cazes, Alexandre Maionese e muitos outros nomes expressivos do choro carioca, sob o comando de Henrique Cazes.
Exposição “Os Chorões no Rio Scenarium”
De 5 a 30 de abril, no Salão Anexo do Rio Scenarium
Roda de Choro: 05/04, às 19h.
Endereço: Rua do Lavradio, 20. Centro Antigo – Rio de Janeiro/RJ.
Horário de abertura da casa: Terça a quinta feira, 18h30; Sexta, 19h; Sábado e Domingo, 20h.
Ingressos: de terça a quinta, R$35; Sexta, R$45; Sábado, domingo, vésperas de feriados e datas especiais, R$50.
Informações: (21) 3147-9000. www.rioscenarium.com.br
Henrique Cazes (Rio de Janeiro 1959)
Começou a tocar violão com seis anos de idade e gradativamente foi incorporando o cavaquinho, o bandolim, o violão tenor, o banjo, a viola caipira e a guitarra elétrica, sempre como autodidata.
Estreou profissionalmente em 1976 com o Conjunto Coisas Nossas, e em 1980 passou a integrar a Camerata Carioca, onde trabalhou em contato direto o bandolinista Joel Nascimento e o maestro Radamés Gnattali.
Em 1988 Henrique iniciou sua carreira de solista de cavaquinho, com o lançamento do primeiro disco “Henrique Cazes”, simultaneamente ao método “Escola Moderna do Cavaquinho”, o mais utilizado livro didático do instrumento. Como solista lançou ainda outros discos como “Tocando Waldir Azevedo”, “Desde que o Choro é Choro”, “Pixinguinha de Bolso”, “Tudo é Choro” e “Vamos acabar com o baile”. Em 1998 publicou o livro “Choro, do Quintal ao Municipal”, em que resume a história de 150 anos de Choro e que se desdobrou em exposição homônima exibida no Rio e em várias outras capitais
Fundou e dirige a Orquestra Pixinguinha, a Camerata Brasil e o Novo Quinteto. Concluiu em 2011 o Mestrado em etnomusicologia na Escola de Música da UFRJ, defendendo trabalho sobre rodas de choro. Na mesma instituição, é professor desde 2013, implantando o mundialmente pioneiro bacharelado em cavaquinho.
Marília Figueirêdo (Rio de Janeiro, 1958)
Filha de mineira com paraibano, a carioca de 57 anos começou a se interessar pela fotografia desde muito cedo. Por influência do pai – que era fotógrafo amador e tinha um laboratório de revelação improvisado no banheiro de casa – e também do tio, que era fotógrafo profissional, especializado em casamentos.
Em 1982, formou-se em Engenharia Química pela UFRJ e fez uma pós-graduação em Engenharia de Segurança do Trabalho na PUC-Rio, área em que atua até hoje. Há cerca de dez anos, voltou a fotografar regularmente e, em 2006, iniciou cursos de aprimoramento de técnicas fotográficas.
Na última década, Marília construiu um acervo significativo. Devido à oportunidade de estar próxima ao ambiente da música, passou a registrar músicos em ação, principalmente chorões, seja em rodas informais ou em shows. Fotografou capas e encartes de CDs e DVDs, bem como fotos de cena e divulgação.
A relação da fotógrafa com a música também é antiga. A avó Aida Ribeiro Naccarati era pianista profissional, especializada em ginástica rítmica. Nos anos 1980, Marília tocou saxofone num grupo de reggae e ska chamado Kongo, experiência que contribuiu muito para que ela tivesse o olhar treinado para o momento certo do clique, captando a emoção dos músicos.
Músicos que figuram na exposição:
Henrique Cazes
Zé da Velha
Silvério Pontes
Beto Cazes
Marcello Gonçalves
João Camarero
Charlles da Costa
Omar Cavalheiro
Deo Rian,
Joel Nascimento
Luis Barcelos
Ronaldo do Bandolim
Rafael Malmith
Rogério Caetano
Dirceu Leite
Silvério Pontes
Leo Gandelman
Leonardo Miranda
Dani Spielman
Alexandre Maionese