Prestação de serviço é saída para desemprego
Desemprego aumentou no país após a pandemia. Novas relações de trabalho foram estabelecidas. No app Giross, onde tem mais de 10 mil entregadores cadastrados, basta criar o MEI para dar inicio à parceira.
Aumento do desemprego, encolhimento dos mercados, surgimento de novas relações de trabalho. De acordo com a Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), houve um recorde da desocupação verificada no primeiro trimestre de 2021, um total de 14,8 milhões de pessoas, após mais de 600 mil empresas fecharem as portas durante a pandemia. A informação é da mesma pesquisa. Os efeitos sociais do Covid-19 não são somente econômicos, mas também de comportamento – o futuro do trabalho já chegou chegando. Uma pesquisa do Fórum Econômico Mundial de 2020 concluiu que 50% das empresas pretendem acelerar a automação da força de trabalho, enquanto mais de 80% devem expandir a digitalização de seus processos.
Diferentemente de empresas tradicionais, as startups foram afetadas de forma positiva. Hoje, são 13.552 delas no Brasil, com crescimento de, ao menos, 300% nos últimos cinco anos, segundo dados da Abstartups (Associação Brasileira de Startups). Esse impacto foi em função do modelo desses negócios, bem como seu nicho de mercado. Em especial, aquelas que atuam digitalmente e se beneficiaram da permanência em casa, como aplicativos de delivery. Elas colaboraram, inclusive, na criação de novos empregos. Entre 2016 e 2021, o número de brasileiros que trabalham com aplicativo de entregas saltou de 30 mil para 278 mil, entre homens e mulheres. O aumento aparece em um estudo divulgado na última quinta-feira, 7. Realizada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, que utilizou dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
No aplicativo Giross, por exemplo, especializado na terceirização das entregas delivery, o aumento no número de cadastros de novos motoboys e motogirls foi de 276,1%. Entre as mulheres, o índice ainda é pequeno, apenas 14,2%. Esse ano já são 155 cadastradas. “Quando percebemos que é uma mulher que quer fazer entrega, há toda uma organização para isso. Pedimos para uma funcionária do sexo feminino entrar em contato, contar como funciona, explicar que tudo é monitorado no decorrer da entrega, no sentido de segurança mesmo. Há todo um suporte com relação a isso”, explica o CEO Filipe Martins.
Entre os homens a procura continua sendo maior, quase todo o percentual, 261, 1%. Também no mesmo período. José Roberto Nascimento Souza é um deles. O feirense de 26 anos – e há 3 como motoboy, conta que trabalhava como ajudante de pedreiro antes de virar entregador do Giross, para complementar a renda. “Nessa época comprei uma bicicleta para fazer as entregas. Depois, consegui comprar uma moto à vista”, completa. Ele conta também que foi durante a pandemia que chegou a fazer 104 corridas pelo aplicativo em apenas um dia. “Ao longo do ano de 2020, eu faturei R$ 89 mil. Eu indiquei o aplicativo para todos que conhecia. Hoje, a maioria dos motoboys que rodam pro Giross aqui na cidade, foi indicação minha”, explica. “Enfrentei a pandemia com foco em um propósito: mudar minha saúde financeira. Se o José de 2018 visse esse José aqui, de 2021, não acreditaria, tamanha é minha mudança. Para melhor, claro!”, comemora e faz o alerta. “Tomei os cuidados necessários como usar a máscara e o álccol em gel. Além de sempre tantar manter uma distância segura dos clientes”.
Criada em 7 de setembro de 2018, o aplicativo Giross tinha como finalidade inovar ao oferecer transporte para passageiros com conforto e atendimento de qualidade. Assim, o aplicativo foi captando novos cadastrados em cidades adjacentes como as da região metropolitana de Salvador, na Bahia. Com a chegada da pandemia, o contexto mudou: de passageiros, foi necessário transportar mercadorias – especificamente em março de 2020. Desse modo, o aplicativo ganhou novos motoboys parceiros em 80 cidades brasileiras, em apenas 1 ano e 6 meses. Hoje são mais de 10 mil entregadores espalhados pelo país. “O Giross fez parte de um movimento de inclusão social, sem dúvidas. Houve um contexto em que pais de famíla não sabiam como iam seguir após toda crise que o país passou. Tiveram essa saída de se tornarem prestadores de serviço e fazer a renda chegar todo mês”, pontua Filipe. Ele destaca ainda que os entregadores são parceiros e é através do MEI que é criado um contrato de parceria.