Cia Amok Teatro estreia "Histórias de família", no CCBB Rio
Montagem traz texto inédito da dramaturga sérvia Biljana Srbljanovic
Depois de abordar o conflito no Oriente Médio, com o espetáculo “O dragão”, em 2008, e realizar um mergulho no Afeganistão, com “Kabul”, em 2010, a companhia carioca Amok Teatro apresenta “Histórias de família”, que encerra o percurso artístico sobre o tema da guerra. A estreia acontece durante o Cena Brasil Internacional, dias 10 e 11 de junho, no CCBB Rio. Na sequência, a montagem inicia a temporada, que vai de 13 de junho a 5 de agosto (quarta a domingo). O espetáculo traz à cena a guerra de desintegração da Iugoslávia nos anos 90, através do olhar da infância. A Petrobras é patrocinadora da Cia Amok Teatro.
Maior projeto do grupo desde a sua criação, a “Trilogia da Guerra” procura discutir no teatro as questões do mundo contemporâneo sob o olhar do outro, trazendo três espetáculos independentes, com diferentes linguagens cênicas. Após a temporada de estreia, o público também terá a oportunidade de rever as duas primeiras montagens da série: “O dragão” e “Kabul”. O Banco do Brasil patrocina a temporada do projeto Trilogia da Guerra.
Em “Histórias de família” o grupo realiza uma montagem do texto da dramaturga sérvia Biljana Srbljanovic, que pela primeira vez tem uma produção encenada no Brasil. No texto, que foi censurado na Sérvia, a autora descreve a confusão na qual seu país mergulhou, sob a liderança de dirigentes cuja ideologia levou toda a região dos Balcãs à barbárie e à destruição.
Segundo Ana Teixeira, que dirige o espetáculo e a companhia, ao lado do francês Stephane Brodt, “Histórias de família” é uma quebra de paradigma na história do Amok. “Pela primeira vez abordamos um trabalho de um autor contemporâneo. É um texto árido, seco, que fala da infância e da violência, mas que também tem humor. Queremos levar para o palco reflexões a respeito do mundo globalizado, mostrar como o teatro responde ao novo mundo”, explica.
Nas ruínas da Iugoslávia destruída pela guerra, quatro personagens brincam de família, reproduzindo o comportamento delirante de adultos desorientados. Pouco a pouco revela-se a lógica da guerra, criada e mantida pelo poder político, que se manifesta em todos os níveis da sociedade. Por meio das brincadeiras, são percebidas fraquezas e medos. O jogo termina e logo tudo recomeça. A violência da brincadeira substitui a violência dos combates e nesse ritual, à imagem do clima político, a tensão entre todos é extrema.
Nesta “negra paródia familiar”, a autora nos convida a enxergar a guerra por meio do lúdico e do derrisório e a ver o teatro como o lugar onde os adultos continuam a fazer aquilo que fazem as crianças: produzir jogo. O Amok dialoga com o texto de Biljana Brbljanovic levando em conta visões, cultura, questionamentos da própria companhia e o percurso trilhado nesta Trilogia da Guerra.
“Histórias de família” ultrapassa as circunstâncias históricas e geográficas para apresentar um jogo repleto de humor e crueldade, que nos fala com imensa atualidade. Essas histórias são, ao mesmo tempo, a imagem da situação da ex-Iugoslávia e a de qualquer sociedade.
SOBRE A AUTORA
Biljana Srbljanovic nasceu em Belgrado, em 1970. Em 1996 escreve sua primeira peça, “A trilogia de Belgrado”, montada no ano seguinte com enorme sucesso. Em seguida vieram “Histoirias de familia” , que recebeu o Prêmio de melhor peça original no Festival de Novi Sad, em 1998, “A queda” (criada no Festival de Grad-Teatar de Budva – Montenegro, em 2000), “Supermercado” (criada no Festival de Viena em 2001 por Thomas Ostermeier) e “Amerika suite” (2003). Suas peças foram montadas em diversas cenas internacionais, por diferentes encenadores e traduzidas em 20 línguas.
Biljana Srbljanovic é uma autora sérvia que se opôs firmemente ao regime de Milosevic e cuja coragem se manifestou não somente em seus escritos, mas também em sua recusa em deixar Belgrado durante os bombardeios da Otan. Biljana também ficou conhecida por publicar, em 1999, as Crônicas de Belgrado no “Der Spiegel” e “La Repubblica”, arriscando ser vista como “traidora” por seu governo e por uma grande parte de seus compatriotas.
AMOK TEATRO
Dirigido por Ana Teixeira e Stephane Brodt, o Amok Teatro se dedica a uma pesquisa contínua do trabalho do ator e das possibilidades de encenação. Além dos espetáculos, a companhia desenvolve uma intensa atividade pedagógica, com ênfase na formação de atores e mantém, em sua sede, a Casa do Amok (aberta em 2004), projetos de pesquisa, formação e intercâmbio, apoiando o trabalho de grupos e artistas de diferentes segmentos.
Desde sua fundação, em 1998, o grupo tem recebido os mais importantes prêmios de teatro brasileiro e um grande reconhecimento de público e crítica. Com “Cartas de rodez” (1998) recebeu o Prêmio Shell de direção, de melhor ator e o prêmio Mambembe de melhor espetáculo, além da indicação de direção. “O carrasco” (2001) recebeu o prêmio Governo do Estado de espetáculo e foi indicado para direção e categoria especial para maquiagem e figurino, além da indicação para o prêmio Shell de melhor atriz e categoria especial para maquiagem. “Macbeth” (2004) foi indicado para o prêmio Shell de figurino e para o prêmio BR de Qualidade de espetáculo e de melhor ator. “Savina” (2006) foi indicado ao prêmio Shell de figurino. “O dragão” (2008) foi indicado para prêmio Quem de melhor ator e atriz. E “Kabul” (2010) ganhou o prêmio especial APTR.
HISTÓRIAS DE FAMÍLIA
FICHA TÉCNICA
Cia: Amok Teatro
Texto: Biljana Srbljanovic
Direção e Adaptação: Ana Teixeira e Stephane Brodt
Elenco: Bruce Araujo, Christiane Góis, Rosana Barros e Stephane Brodt
Iluminação: Renato Machado
Cenário: Ana Teixeira
Figurinos e Objetos de cena: Stephane Brodt
Costureira: Dora Pinheiro
Cenotécnico: Manoel Puoci
Operador de Luz: Rodrigo Maciel
Projeto Gráfico: Paulo Barbosa Lima
Produção: Erick Ferraz
SERVIÇO
Data: de 13 de junho a 05 de agosto (de quarta a domingo), às 19h30
Local: Centro Cultural Banco do Brasil – Teatro III
Site: http://www.bb.com.br
Endereço: Rua Primeiro de Março, 66 – Centro – Rio de Janeiro
Tel: (21) 3808-2020
Ingressos: R$ 6 (inteira) e R$ 3 (meia-entrada)
Classificação etária: Não recomendado para menores de 16 anos
Duração: 90 minutos