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A BUSCA, bilíngue em Libras e português teve uma grande repercussão no Rio e prepara uma seguinte temporada no circuito Sesc RJ Pulsar 2024

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Com uma proposta de acessibilidade inovadora e diferenciada para o público surdo, onde o intérprete de Libras é um ator que participa ativamente do espetáculo de máscaras, o Grupo Moitará conseguiu encher sua sala durante todos os dias de apresentação. Para todas as pessoas que não conseguiram assistir, a companhia convida para sua próxima temporada.

 

A BUSCA, versão bilíngue em Libras e português do último espetáculo do Grupo Moitará, encerra sua curta temporada no Rio de Janeiro com lotação de sala em todos os dias de apresentação e convida a todas as pessoas que ainda não conseguiram assistir a chegar na próxima temporada circulação Sesc RJ Pulsar 2024. A peça vai continuar se apresentando de agosto a setembro com seis apresentações, uma em cada uma das seguintes unidades SESC do estado: São Gonçalo, Nova Iguaçu, Teresópolis, Barra Mansa, Niteroi e Ramos. 

“Eu tive uma sensação tão libertadora assistindo esse espetáculo […] Essa junção intérprete com toda essa movimentação nessa nova linguagem , você vê pulsando a mesma vibração do ator na vibração do intérprete e passa a ser um corpo só, para mim ver esse trabalho foi um divisor de águas”, explicou no seu depoimento na saída do espectáculo Verônica Belo, espectadora dessa temporada. Já o espectador surdo Amilton dos Santos, relatou que foi uma experiência de grande relevância para ele: “hoje foi muito importante para mim, porque sou surdo e precisamos de acessibilidade de qualidade desse tipo. Ver as Libras dentro da cena foi algo novo para mim. [A peça] traz  uma proposta visual, me emocionou muito ver a apresentação de hoje”. Já outra espectadora, Dominique Arantes, afirmou na saída do espetáculo: “é um espetáculo intrigante, envolvente e de conexão com a ancestralidade”.

Na temporada carioca, A BUSCA versão bilíngue Libras e português recebeu um total de 150 pessoas na Sede do Grupo Teatral Moitará na Lapa. Com quatro dias de apresentação entre os dias 16 e 19 de maio,  o espetáculo esgotou todos os seus lugares em troca de ingresso solidário e conseguiu arrecadar 187 kg de alimentos não perecíveis. Do total, 94 kg foram doados à Organização São Martinho, que atua na cidade do Rio de Janeiro na ajuda de crianças e jovens em situação de vulnerabilidade, e outros 94 kg encaminhados para doação às vítimas das chuvas do Rio Grande do Sul. A peça chegou ao Rio de Janeiro em maio depois de sua exitosa temporada no Teatro Municipal de Nova Friburgo, que recebeu mais de 200 pessoas de público só em dois dias de apresentação, 25 e 26 de abril no Teatro Municipal Laércio Rangel Ventura. Na cidade serrana foram arrecadados 120 kg de alimentos doados à organização local da Cáritas Diocesana Nova Friburgo. 

“A todas as pessoas que vieram assistir a peça, algumas delas inclusive várias vezes, queremos agradecer pela presença e carinho, e a todos aqueles que, infelizmente, não conseguiram entrar, queremos enviar um convite especial para que não percam nossas próximas apresentações”, explica Fonseca, diretor da peça. 

Além das apresentações, o Grupo Moitará organizou um total de três rodas de conversa nas temporadas de Nova Friburgo e Rio de Janeiro com a equipe artística e o ator surdo Ricardo Boareto, que participou da adaptação do texto à Libras e à linguagem do Visual Vernacular. O objetivo do Grupo Moitará é fomentar os debates sobre: o poder das máscaras no teatro, a linguagem universal do corpo se expressando em cena tanto para pessoas surdas quanto ouvintes e o desafio de consolidar mecanismos de acessibilidade de qualidade no cenário cultural brasileiro atual. 

“Muitas pessoas se expressam através do corpo. Em especial, as pessoas surdas. No nosso trabalho, o corpo é a voz não havendo a necessidade imperativa de se apoiar na linguagem oral”, explica Venício Fonseca, diretor do espetáculo A BUSCA. Erika Rettl, atriz do espetáculo e diretora artística do Ponto de Cultura Palavras Visíveis para a capacitação de artistas surdos com a máscara teatral que funciona desde 2008 sob direção do Moitará, sublinha que existe “um poder da máscara teatral para chegar em todas as pessoas para além dos seus códigos linguísticos”.

Sobre o espetáculo A BUSCA versão bilíngue Libras e portugês:

Através do texto dramatúrgico e dos estímulos sensoriais, a obra convida o espectador a se conectar com sua natureza íntima e a refletir sobre o que é essencial na vida. A singularidade deste projeto reside na fusão de duas vertentes de pesquisa do Grupo Moitará, ambas centradas na linguagem da máscara teatral. Por um lado, tem a dramaturgia denominada pelo Grupo como cena-poema, que explora a poesia interior das personagens e transmite características arquetípicas por meio de gestos, sons e articulação textual. E por outro a criação e acessibilidade cultural de qualidade para pessoas surdas, e integra a Libras e o Visual Vernacular ao processo criativo.

Jhonatas Narciso, ator-intérprete de Libras da peça, afirma que além da valorização da Libras, o espetáculo representa a valorização da pessoa surda, no sentido em que eleva o status da sua língua natural para que o público possa acompanhar a cena simultaneamente. “Numa situação tradicional, o português acaba sendo a língua principal e o intérprete de Libras fica numa das extremidades fora da cena, o que faz que o espectador surdo tenha que buscá-lo para acessar conteúdo verbal e informação, deixando de lado o acompanhamento da cena”, explica ele. 

Sobre o Grupo Moitará: 

O Grupo Moitará foi criado em 1988 por Erika Rettl e Venício Fonseca. Há 36 anos, o Grupo desenvolve uma pesquisa continuada sobre o trabalho de preparação de atores e atrizes, buscando compreender os princípios que fundamentam sua arte, tendo nos estudos dos aspectos e funções da Máscara Teatral a base para a elaboração de uma metodologia própria. Ao longo desses anos, vem realizando projetos artísticos, didáticos e socioculturais por meio de oficinas, espetáculos e palestras-espetáculos, sendo reconhecido nacionalmente por sua contribuição na área artística e didática.

Em 2008, o Grupo Moitará criou o projeto Palavras Visíveis, voltado à capacitação técnica para atores surdos a partir da linguagem da máscara teatral. Se caracteriza por ser um projeto bilíngue (Libras/português) que tem como objetivo unir experiências teatrais entre surdos e ouvintes, fortalecer e ampliar a produção artística da comunidade surda na cena contemporânea brasileira.

 

Para mais informações consultar o site: www.grupomoitara.art.br

 

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Redação Rio Notícias

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