A escravidão da beleza
Índice
O que você faria para se sentir mais bonito?
São tantos métodos para atingir os famosos padrões de beleza: academias, centro de estética, SPA`S, clínicas de cirurgia plástica, salões de cabeleireiros cada vez mais especializados, sem contar com uma gama de cosméticos que de ano em ano renovam-se no mercado do consumidor, que seria quase que impossível não questionar quanto a auto-imagem do ser contemporâneo.
Mas a busca incessante por um corpo perfeito não é de agora. Consta na história, que no período da Grécia antiga, o ser belo era sinônimo de inteligência. Quanto mais simétrico fosse o indivíduo, com medidas exatas de rosto, pescoço e abdômen maior era a sua aceitação social. O fato é que nem parece que este pensamento tenha sido datado em apenas a 5a.c. Pessoas continuam cultuando esta forma homogênica de beleza. Mas o que as leva não tolerarem seus limites? A não aceitarem suas formas biológicas? A se tornarem cada vez mais insatisfeitas com a sua aparência? Atualmente, sorrisos perfeitos com dentes cada vez mais brancos, corpos magros, malhados, bronzeados, um rosto jovem livre de rugas estão estampados em novelas, comerciais, revistas de boa forma, que de certa forma, induz a idéia de que a felicidade e o sucesso estão associados ao padrão estético que representa.
Com a propagação da imagem a todo vapor nas redes sociais, permitindo um fluxo cada vez mais imediatista do estar belo, reforça a idéia de que o “Espelho, espelho meu…” não cabe mais neste cenário. Já faz tempo que o mundo mágico era só uma questão de imaginação. As selfies vem assumindo o papel das lentes de aumento consolidando o desejo de atingir a todo custo os corpos perfeitos. Recentemente, uma participante do programa Big Brother Brasil, trouxe a tona este tema. “ Comecei pelo peito. Ele já fiz três vezes. Eu era que nem um macho. Só tinha o biquinho. [Agora] vou dar uma mexida nesse bumbum. Foi a única coisa que eu me arrependi.” Disse Adélia ao chat do programa. Assim como Adélia, muitas pessoas se submetem, todos os dias, à cirurgias plásticas afim de solucionar, segundo elas, seus possíveis incômodos estéticos. Mas será que isto as tornam realmente felizes? Será que o exterior das pessoas é o fator determinante em suas vidas? Talvez a questão, na verdade seja como manter o equilíbrio entre o ser belo e o parecer belo. Como diz o cantor Caetano Veloso, “cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é”.
Yve Franco