Seletividade alimentar: o que você não come?
Restrição a alguns alimentos é comum em crianças, mas também pode acometer adultos. Segundo especialista, a falta de determinados alimentos pode acarretar problemas de saúde
A cena é comum: durante uma situação ou conversa informal, descobrimos que um amigo, parente, ou filho de um conhecido não come determinado alimento. Cebola, salsinha ou coentro, ovos, azeitona, cogumelos, determinadas texturas… É o chamado “Transtorno alimentar seletivo”. Mas, à medida que essa lista de alimentos não consumidos fica muito longa e, inversamente proporcional, à lista de alimentos aceitos, em que fica muito restrita, podem acontecer deficiências importantes de nutrientes no organismo da pessoa, a médio e longo prazo, além de problemas sociais e de relacionamento.
SELETIVIDADE COMEÇA NA INFÂNCIA
Segundo a nutricionista e professora do curso de Nutrição da Faculdade Anhanguera, Sabrina Faria, a recusa por determinados alimentos geralmente, começa na infância. “Esse é um comportamento comum nas crianças em fase de adaptação e conhecimento a novos sabores, principalmente, em relação ao consumo de verduras, legumes e frutas”, diz.
Para a especialista, esses comportamentos podem estar relacionados à falta de conhecimento e experimentação da criança a determinadas texturas, cores e sabores. Para amenizar esse quadro, os pais e responsáveis devem introduzir alimentos diferentes no cardápio, de forma gradual.
“O momento da refeição deve ser agradável, e o recomendado é não obrigar a criança comer verduras, novos alimentos, evitando assim, o surgimento de um transtorno alimentar. O ideal é apresentar o alimento de formas diferentes, por exemplo, se a criança não come abóbora, faça um purê ou suflê. Muitas vezes a resistência está na textura, e não propriamente no sabor. O importante é transformar a hora da refeição em uma experiência prazerosa”.
SELETIVIDADE NA IDADE ADULTA
É comum que a seletividade a certos alimentos acompanhe o indivíduo até a vida adulta. A diferença é que, na mesa de um restaurante, na companhia de pessoas com as quais não temos tanta intimidade, por exemplo, podemos tender a ter vergonha de dizer que não comemos tal alimento.
Mas é possível reverter o quadro. “A apresentação do prato influencia na experiência alimentar. O ideal é montar um cardápio com alimentos com sabores e texturas diferentes, e assim, criar aos poucos uma nova rotina com hábitos saudáveis”, recomenda a nutricionista.
O QUE CARACTERIZA A SELETIVIDADE ALIMENTAR?
– Rejeição a determinadas texturas de alimentos: borrachudas (cogumelos, champignon, shimeji, balas gelatinosas) e gelatinosas (pudins, gelatina, geleias).
– Rejeição a alimentos que imitam determinados sons ao mastigar. Exemplo: pães e biscoitos, folhagens ou hortaliças.
– Rejeição a determinados sabores: amargo (rúcula, alcaparra), azedo e cítricos (limão, abacaxi); entre outras situações.
ALGUNS CASOS REQUEREM TRATAMENTO
Alguns indivíduos podem apresentar até ânsia de vômitos, diarreia e desconforto, quando se deparam com certos tipos de alimentos. Nesses casos, cabe buscar tratamento para lidar com o problema, envolvendo profissionais como nutricionista, médico e psicólogo.
“Cada caso exige uma análise, o transtorno pode se tratar de um trauma gerado ainda na infância, ou pode indicar problemas como: intolerâncias a lactose e ao glúten, por exemplo, e; alergias alimentares.”
Por fim, a nutricionista lembra que uma alimentação balanceada é uma grande aliada do bem-estar e longevidade. “Somente nos casos em que a restrição for diagnosticada por um profissional, o alimento deve ser retirado da dieta. Lembrando que para o bom funcionamento do organismo é necessária uma nutrição saudável, composta por vegetais, frutas, com base em alimentos in natura e minimamente processados, com baixos teores de gordura e açúcar”, conclui Sabrina.
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