A verdade sobre a terceira dose
Dose de reforço vacinal para COVID 19
Importância da vacinação de reforço para COVID-19
Devido à possibilidade de diminuição da imunidade com o tempo e da redução da eficácia das vacinas contra variantes que podem ser menos sensíveis á resposta imunológica gerada pelas vacinas, vários países iniciaram ou anunciaram planos para administrar uma vacina de reforço para indivíduos que foram totalmente vacinados. Nos Estados Unidos, a Food and Drug Administration (FDA) autorizou e o CDC recomenda uma dose de reforço em populações específicas para todas as vacinas disponíveis.Entre os indivíduos que receberam duas doses de vacinas mRNA ( Pfizer ou Moderna), o CDC recomenda uma dose de reforço seis meses após a segunda dose nos seguintes grupos:
• Adultos com 65 anos ou mais.
• Adultos com 50 anos ou mais em risco de COVID-19 grave devido à comorbidades.
• Adultos com idade entre 18 e 50 anos e em risco de COVID-19 grave devido a comorbidades podem receber uma dose de reforço após pesar os riscos e benefícios.
• Adultos com idade entre 18 e 64 anos que apresentam riscos ocupacionais ou institucionais de exposição ao SARS-CoV-2 (por exemplo, profissionais de saúde) podem receber uma dose de reforço após pesar os riscos e benefícios.
Entre os indivíduos que receberam a vacina de dose única (vacina Janssen / Johnson & Johnson), o CDC recomenda uma dose de reforço pelo menos dois meses após a primeira.
Já no Brasil a dose de reforço vacinal vem sendo aplicada há algumas semanas de acordo com as recomendações de cada município. No Rio de Janeiro por exemplo, trabalhadores da área da saúde, pacientes imunossuprimidos com 12 anos ou mais e idosos estão recebendo dose de reforço nas unidades de vacinação.
Dados de estudos observacionais sugeriram que a proteção da vacina contra a infecção por SARS-CoV-2 diminui com o tempo. No entanto, a proteção contra hospitalização e COVID-19 grave parece estar preservada. Como exemplo, uma revisão de dados sobre residentes de lares de idosos nos Estados Unidos sugeriu que a eficácia da vacina contra a infecção por SARS-CoV-2 nesta população diminuiu de 75 por cento em março a maio de 2021 para 53 por cento durante junho a julho de 2021. Da mesma forma, em um estudo realizado em Nova York que incluiu aproximadamente 10 milhões de adultos vacinados, a eficácia da vacina contra a infecção por SARS-CoV-2 caiu de 92 para 75 por cento de maio a julho de 2021; no entanto, a eficácia contra a hospitalização permaneceu estável durante esse tempo em 90 a 95 por cento.
Outro estudo com 3.000 pacientes hospitalizados estimou a eficácia da vacina contra a hospitalização relacionada ao COVID-19 em 86 por cento 2 a 14 semanas após a vacinação e 84 por cento 13 a 24 semanas após a vacinação.
Embora a eficácia geral da vacina contra doenças graves e hospitalizações pareça amplamente preservada, quando se analisa especificamente os mais velhos e os imunossuprimidos fica claro que ocorre um declínio na eficácia ao longo do tempo.
A evidência de que uma dose de reforço pode melhorar a eficácia da vacina é limitada a dados observacionais e dados sobre imunogenicidade. Por exemplo, em um estudo observacional de Israel com mais de um milhão de indivíduos de 60 anos ou mais que receberam duas doses de Pfizer pelo menos cinco meses antes, o recebimento de uma dose de reforço foi associado a uma taxa de infecção 11 vezes menor em comparação com aqueles que não receberam um reforço e uma taxa 20 vezes menor de doença grave. Dado o desenho observacional, é incerto se algumas dessas diferenças poderiam estar relacionadas a outras variáveis (por exemplo, risco de exposição); também houve um tempo de acompanhamento limitado após o recebimento do reforço.
Os dados sobre imunogenicidade são consistentes com os dados observacionais. Em um pequeno estudo com 23 indivíduos que receberam duas doses da vacina Pfizer, os títulos de anticorpos neutralizantes contra o vírus, inclusive contra as variantes Beta e Delta, após o recebimento de uma terceira dose oito a nove meses depois foram maiores do que os detectados após as duas doses iniciais da vacina. A taxa e gravidade das reações adversas após a dose de reforço foram semelhantes às após a segunda dose. Estudos semelhantes indicam que as doses de reforço da vacina da Moderna e da Johnson também resultam em aumentos nos títulos de anticorpos neutralizantes em comparação com o pré-reforço com perfis de reatogenicidade semelhantes aos do esquema inicial. Finalizando, é importante ressaltar que é plenamente possível e seguro receber a dose de reforço com uma vacina diferente do esquema inicial.
Por: Guilherme Loures Penna